Nesse jogo geopolítico, porém, também percebe-se a entrada em cena de um novo elemento dominante: o impressionante crescimento do mercado financeiro. Na economia globalizada muita coisa mudou. Therborn observa que o comércio internacional é, cada vez menos, a troca de matérias primas por commodities industriais e cada vez mais uma competição entre indústrias. Bem, não na Amazônia, ok, Mr .Therborn?
É, não na Amazônia.
Mas como nem todos sabem disso, aguardemos uma oportunidade para discutir com ele a respeito desse fato e, bem, entender o que se passa... Bom, aguardemos...
Enquanto a oportunidade não chega, entendamos o que Therborn compreende por tal processo. O efeito principal dessa competição entre indústrias foi o “salto tecnológico” que bem conhecemos. Os países que permaneceram fora do mercado mundial tenderam a perder essa onda de desenvolvimento.
Tecnologia e capital permanecem o substrato do capitalismo contemporâneo. Um processo que anda a par com a dinâmica de concentração do capital que marca nosso tempo.
Concentração impressionante. Por exemplo (usando os dados de Therborn): Em 1905 as 50 maiores empresas americanas produziam 16% do PNB. Em 1999 as 50 maiores produzem 37% do PNB. No Reino Unido, esses números foram de 5% para 41%. Só a Vodafone, a maior empresa de telefonia celular do mundo, detinha 18%, nesse momento.
Paralelamente a esse processo, houve um impressionante crescimento do mercado de capitais.
Dentro desse mercado, por exemplo, o mercado específico de câmbio é um caso a destacar. Com a crise do sistema de ancoragem no dollar, definida em Bretton Woods, o comércio de câmbio transnacional tornou-se um cassino. Chegou a valer 12 vezes o total das exportações mundiais. em 1979. E 61 vezes em 1989. Esses dados são incríveis, e mostram como as ficções auto-narrativas do capital alcançam limites completamente externos à realidade cotidiana da vida material.
Nesse processo, países são criados e desfeitos no ar. Em abril de 1997 a rotatividade diária do mercado de câmbio foi de US$ 3,2 trilhões, mais que o PIB da terceira potencia mundial, a Alemanha, que foi de US$ 2,9 trilhões em 1996.
Além do mercado de câmbio, outro sub-produto do mercado financeiro é o mercado de derivativos.
Uma coisa tão estranha, mas tão estranha, que eu não vou nem tênar explicar. Basta saber que eles estão da origem da atual crise financeira mundial.
Inventados nos anos 70, os derivativos explodiram nos anos 80. Entre 1986 e 1996, de acordo, sempre, com Therborn, o mercado de derivativos cresceu 56 vezes, atingindo o volume de US$ 34 bilhões. Em 1995 o montante estimado de derivativos igualou o produto mundial bruto.
Incrível, não?
Pois é. Incrível. Mas... porque, afinal, o mercado financeiro cresceu tanto?
Therborn apresenta duas razões para isso: o avanço das tecnologias de comunicação e as mudanças institucionais, que tornaram mais ágeis e desonerados os processos de troca.
Mas interessante, mesmo, é sua análise a respeito do impacto que essa situação causou na formação contemporânea do Estado.
Sim, porque, à medida em que o mercado financeiro expandiu, o Estado... também cresceu.
Nos EUA, o gasto público mais do que quadruplicou, entre 1913 e 1998, indo de 7,5% para 33% do PIB. No Reino Unido, ele passou de 13% para 40%. O volume de impostos passou, no Reino Unido, de 8% do PNB em 1913 p/ 52% em 1997.
E então.... Então, podemos perguntar, o que a senhora dona Esquerda tem a dizer a respeito disto tudo?
Sim, porque é preciso dizer alguma coisa, não é mesmo?
Comentários
Primeiro de Bolonha, la dotta,depois deve Florença, acompanhei as armadilhas todas que o destino colocou, tentano inviabilizar nosso esfoeços de entrar no circuito destes debates.
Beleza os teus 3. Poster. Já justificam a vinda do egreggio e molto colto pofessare.
Obrigado por ter aceito nosso co nvite.
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